quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

NOSSOS DEVERES PARA COM O PRÓXIMO




Uma mensagem de início de ano, regra geral, deve ser alegre, motivacional, mobilizadora.
Porém, nosso primeiro contato neste ano de 2013 dá-se em um momento de muita tristeza, e ainda impactados pela tragédia ocorrida na cidade de Santa Maria, na qual mais de duas centenas de jovens perderam a vida em face da convergência de uma série de erros, omissões, ilicitudes e descaso com a vida humana.
Um ano que temos como lema de nossa associação “ÁGUA: O MUNDO QUE QUEREMOS” e que nos faz refletir acerca do papel de cada um de nós na construção de uma sociedade verdadeiramente justa, fraterna e ambientalmente sustentável.
Os olhares que podemos direcionar a estas questões podem partir de diversos ângulos.
De um lado, quando lembramos as já notórias circunstâncias que determinaram as mortes em Santa Maria, podemos facilmente perceber que se os responsáveis pela organização do evento (e aí incluímos tanto os particulares como o poder público) houvessem pautado sua atuação pela Promessa Escoteira, provavelmente a tragédia não teria ocorrido.
Digo isto partindo, simplesmente, da ideia de que todo Escoteiro deve cumprir seus deveres para com o próximo. E o que significa isto? Deve atuar sempre considerando pensar no próximo como destinatário de suas ações. E que tudo deve fazer para que o melhor seja ofertado ao nosso próximo. No caso, a segurança, o respeito à integridade física, um local apropriado para a diversão, livre de riscos e com condições para receber um elevado público, por exemplo.
Se agissem pensando no próximo, não teria ocorrido a liberação irregular de alvarás; não teria sido colocado revestimento acústico mais barato, porém inflamável; não teriam sido utilizados fogos de artifícios próprios para ambiente externo, em detrimento do adequado para o ambiente interno (eis que este mais caro); não se teria permitido a superlotação de pessoas, etc.
Da mesma forma, se todos fossem “obedientes e disciplinados”, a legislação aplicável teria sido respeitada e, por consequência e provavelmente, a tragédia não teria ocorrido (ao menos não na proporção absurda que se abateu).
Digo isto, para lembrar a cada um de nós qual deve ser nosso real desejo quando buscamos viver orientados pelos princípios da Lei e da Promessa Escoteira.
Muitas vezes a percepção da relevância do Escotismo é esquecida por muitos ou, ainda, não percebida pela maioria.
Houvesse a prática efetiva dos valores referidos, seríamos poupados de iniciar o ano com mais esta tragédia nacional, que caracteriza o descaso, o “jeitinho brasileiro”, o ganho fácil, o agir como que se nada tivesse consequência ...
Nesta linha, voltamos ao nosso lema: O Mundo que queremos! Este ano, com foco na água.
O que queremos? Um mundo mais fraterno? Um mundo mais justo? Um mundo ambientalmente sustentável? Um mundo no qual as regras sejam cumpridas e os direitos de todos respeitados?
E estamos trabalhando para isto?
Façamos uma pausa para reflexão e um compromisso para a ação.
Vamos realmente contribuir para a construção de um mundo melhor.
Parece-me que a missão é singela. Basta que vivamos de forma plena e sincera nossos valores e que possamos oferecer a prática do Escotismo (e, portanto, seus valores) a um número cada vez maior de crianças e jovens brasileiros.
Mas devemos oferecer um Escotismo verdadeiro, no qual se vivencie e pratique a Promessa e Lei tal como as conhecemos. E que o atuar de cada um, e de todos, esteja permanentemente pautado por estes valores.
Atuação esta que deve ser assim conduzida em todos os cenários de nossas vidas. Inclusive, e principalmente, dentro de nossa associação.
Acaso consigamos isto, sem dúvida, estaremos ajudando a construir um mundo melhor: O MUNDO QUE QUEREMOS!
Marco Aurélio Romeu Fernandes

Presidente da União dos Escoteiros do Brasil